Violoncelo
Camilo Pessanha
Chorai
arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...
De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas, (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...
Trêmulos astros,
Solidões lacustres...
_ Lemes e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!
Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
_ Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
Camilo Pessanha foi um poeta simbolista português que
se destacou, entre outras características, por seu pessimismo decadentista. Em
seu poema “Violoncelo”, podemos observar termos que sugerem essa sua
característica, como “pesadelo”, “solidões” e “despedaçadas”, expressões que
nos remetem a um negativismo exacerbado sugerido pelo poeta. É possível notar
em seus versos, ainda, uma musicalidade muito forte, característica essa de
extrema importância para o Simbolismo, o que se pode perceber na rima de
“arcadas” com “convulsionadas” e “aladas”; “violoncelo” com “pesadelo”. Isso
acontece não só com a primeira estrofe (utilizada no exemplo acima), mas também
em todo o poema há um esquema de rimas entre primeiro verso, terceiro e quinto.
Os demais versos em cada estrofe rimam entre si. Outra característica a se
observar é a metrificação: o poeta utiliza minuciosamente versos com quatro
sílabas poéticas, demonstrando importar-se não só com o conteúdo como também
com a forma. É interessante perceber a utilização por parte do poeta do símbolo
“violoncelo” a fim de representar a música.
quantos anos
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